Roxa xenaider

sexta-feira, maio 30, 2008

SERÁ PARANOIA MINHA?

…SERÁ PARANOIA MINHA ?...

…Será mania da perseguição ?
Essa não é com certeza, porque nunca a tive, nem mesmo quando era perseguido de facto. Mas a verdade é que me sinto perseguido por um anúncio televisivo.
Passo explicar: sempre que me sento para tomar uma refeição aparece-me um anúncio antes interpretado por um senhor que pondo uma mão na barriga, abandonava uma longa fila de espera e corria para a “casinha” enquanto uma voz feminina de suave tom e boa dicção nos recomendava vivamente um produto contra a diarreia.
Era tão real que quase cheirava. Nunca fui muito regular quanto a horas de refeição, mas mesmo assim tentei várias vezes trocar de horário sem resultado algum.
Agora aparece uma senhora que se desdobra em duas; uma continua sorridente o seu caminho, a outra recolhe apressadamente a casa e ali fica olhar para mim que, fatalmente, estarei è mesa, e me torna a falar na diarreia e no tal produto que ignoro.
E uma tortura que me faz lembrar a polícia italiana de Mussulini que, quando libertava alguém lhe fazia engolir um frasco de óleo de rícino.
Temo pelo dia em que a TV , além de nos atingir a vista e a audição, nos venha a atingir também o olfacto.
E tremo de pânico pelos dois outros sentidos.

S

sábado, maio 03, 2008

A Natureza Humana

A NATUREZA HUMANA
o direito e o avesso

Claro que não vou fazer o estudo da Natureza Humana, nem de qualquer outra natureza ou de uma natureza qualquer, muito menos da mais complexa de todas, a humana.
Já “outros filósofos” antes de mim se debruçaram sobre o assunto, e veja-se o saco de gatos em que tudo resultou; há teorias para todos os gostos, e gostos para cada teoria.
Muito mais simples: vou apenas dar conta do direito (aparente) e do avesso autêntico de uma criatura.
Foi na tropa, no mesmo quartel, no mesmo ano, com um tenente, como antes havia acontecido com outro oficial da mesma patente, conforme já referi noutro espaço.
Devo dizer que “vou andando por aí” há muito tempo e, mesmo sem querer, sem me dar conta, vou debicando aqui, bebendo ali, absorvendo acolá, e finalmente observando a natureza de um ou outro humano mais transparente.
Assim me pudesse analisar a mim próprio !
Porque todos temos os nosso ridículos de que nos não apercebemos ou que procuramos disfarçar para só vermos os alheios; talvez rindo-nos uns dos outros como é próprio da nossa natureza.
Já vai longo o intróito mas teve a intenção de amenizar o ridículo visível pelo “direito” do Tenente Cordeiro, oficial da minha unidade que quando na instrução dos recrutas dava a chamada teoria, costumava mandar formar os soldados numa roda em volta dele e ia rodando no centro, pelo que havia sempre soldados atrás dele, que aproveitavam para bichanar com os companheiros do lado.
Era então que o Tenente que não tinha dom da palavra nem a voz de comando que se impunha, começava numa voz titubeante, em tom choroso e ritmo dolente, o discurso sempre igual e repetitivo:
“ se eu vejo alguém, ou alguma pessoa a “falare” na “foorma”, dou-lhe um soco num olho ou num dente que essa pessoa até fica maluca “. sic.
Sob garantia da minha memória sempre avivada pelas inúmeras vezes em que, ao longo dos anos, tenho sacrificado os ouvidos de filhos e netos.
Vejamos pois, o avesso do Tenente Cordeiro, Comandante da 2ª Bateria de artilharia ligeira do Grupo de Artilharia Contra Aeronaves, G.A.C.A. aquartelado na Cidadela de Cascais.
Agora, em 1940 ou 42, já Capitão.
Nós, os da incorporação de 37, fomos durante a 2ª Guerra Mundial, mobilizados nesses dois anos, com todo o prejuízo para homens já com as suas vidas organizadas ou em princípio disso e sujeitos a que os patrões os não readmitissem depois de desmobilizados, a pesar da haver uma Lei que a isso obrigava.
Eu próprio fui vítima dessa arbitrariedade quando, em 38 acabei o serviço obrigatório.
Não pretendo contar a minha história, mas sem a referência que se segue, não seria possível contar parte da do Capitão Cordeiro
A minha vida como profissional de Cinema era incerta pois os filmes daquela época não eram realizados em produção contínua havendo alguns tempos de desemprego.
Por isso era forçoso aproveitar todos os períodos “férteis” e eu assim fiz nas várias licenças de uma semana a B F I (benefício do fundo de instrução). Benefício porquê ? Porque durante essa licença não recebíamos “pré”. No meu caso, e porque era cabo, contribuía com oito
tostões por dia para o BFI
Ora precisamente durante a mobilização de 40, estava ser rodado na Tobis “A "AVaranda dos Roxinóis” e que eu perdi por estar ao serviço da Pátria.
No quartel nós, os mobilizados não fazíamos rigorosamente nada. Esperávamos o exercício final dos recrutas daquele ano e que consistia numa saída da Unidade para montar as baterias, algures na Província – neste caso na região do Cartaxo, e estar lá uma semana a brincar à guerra que entretanto, lá fora, se ia desenrolando a sério, com as trágicas consequências de que nessa altura ainda não tínhamos a medida.
Não posso deixar de dar uma pequena ideia do que se passava na “nossa guerra”
Havia dois aviões tão iguais entre si, que para distinguir o amigo do inimigo, pintou-se num deles uma faixa castanha sofrivelmente visível.
Os aparelhos sobrevoavam a nossa posição, e os oficiais providos de potentes binóculos identificavam o amigo ou inimigo, e assim as peças iam “disparando”….ou não
Era tudo tão real que quando um dos aviões sobrevoou a bateria, foi enviado para o Comando posicionado algures a bom recato um comunicado anunciando: “às 00.00 horas um avião inimigo tentou atacar a nossa posição mas foi abatido”
A resposta do Comando não se fez esperar. “erro, o avão que vos sobrevoou era Amigo, confirmo, Amigo.
Foi um pandemónio entre os oficiais. que lá ressuscitaram o aparelho, e o piloto, expedindo novo comunicado para ao Comando, dando conta da realidade da situação. O lado bom disto tudo, a compensar de certo modo o incómodo de dormir no chão e a má qualidade do rancho, é que nos permitia rir à socapa, ´Modo de rir muito generalizado naquela época.
Mas então por onde deixei ficar o Tenente, agora Capitão, Cordeiro ?
Voltemos ao Quartel durante a espera pelo exercício, sabendo que se me apresentasse na Tobis teria garantidos alguns dias de trabalho, procurei o capitão Cordeiro expus-lhe a situação pedindo-lhe que me deixasse ausentar até ao dia da Saída da Unidade.
Ele sabia já a data do início da operação que era naturalmente “top secret”-
Sem quebrar a confidencialidade, autorizou-me a sair. dando-me ordem para estar de regresso ao Quartel às sete horas da manhã de (?), já me não lembro de quantos dias depois.
Assim foi e trabalhei na Tobis até à véspera do regresso a quartéis. Na manhã seguinte dirigi-me à Estação do Cais do Sodré a tempo de apanhar o comboio que me deixaria em Cascais antes das sete da manhã.
. À porta Estação estava um cabo que eu não conhecia mas que, pelas armas do barrete identifiquei como sendo da minha Unidade, O mesmo se deu com ele em relação a mim, e pedindo-me a identificação informou-me que o nosso Capitão Cordeiro me ordenava que esperasse pela passagem da Unidade na Avenida Vinte e Quatro Julho, junto ao Cais do Sodré, pois a hora de saída de Cascais fora antecipada. Esperei algum tempo e quando a Unidade chegou perto de mim o Comandante Cordeiro que seguia à frente de uma bateria de peças de artilharia pesadas, num pequeno carro descapotável, mandou fazer alto, e os transeuntes assistiram estupefactos ao inusitado espectáculo de um mísero cabo fazer parar todo um desfile de tropas, subir para um carro que rebocava uma peça e só depois a unidade reiniciar a marcha.
Com o clima de guerra que se vivia não está fora de lógica que tivessem pensado: “deve ser um espião estrangeiro disfarçado”

Finalmente, depois de tão longo e, quiçá fastidioso relato, alcanso finalmente a meta a que me propunha chegar: “o avesso” do Tenente Cordeiro.
Não quero fazer qualquer comentário a esse avesso. Cada um o apreciará segundo a sua sensibilidade.
Mas atrevo-me a fazer um pedido: por favor procurem ver para dentro dos ridículos do vizinho. Talvez encontrem motivo para se reconciliar com o mundo em redor e, quem sabe…consigo próprios.


sexta-feira, maio 02, 2008

Estou alarmado

Estou alarmado! Acabo de virar as costas a um programa de TV com aInsónia Araújo. Nunca me julguei capás disso. O caso é que: num programa em que todas as manhãs expõem sobre uma mesa umas iguarias de fazer crescer a água na boca a qualquer cristão, hoje, agora mesmo, vi, - garanto que vi – não foi alucinação, uma peça magnífica, inteira e com uma configuração perfeita de animal jovem e sadio, estendida sobre a mesa..
Levei algum tempo para identificar a espécie ( os meus pobres olhos já não são o que eram) até constatar estupefacto que se tratava de um exemplar da espécie humana , ainda por cima do género, “e que género” feminino.
Tremi de medo – e de emoção também – por não ter ali à mão o número da Estação, para tentar evitar o crime sem nome que estava prestes a consumar- se.
Sim. Porque eu imaginei que se preparavam para trinchar aquela bela “peça”.
Mais alarmado fiquei quando me apercebi que em vez de uma faca de trinchar, dispunham de uma máquina sofisticada de onde saía um cabo eléctrico terminando num assustador objecto parecido com um ferro de engomar que começaram a passar repetidas vezes sobre a região glútea; pergunto-me: para quê ?
Não seria de certo para aperfeiçoar. Porque não se gasta tempo, corrente eléctrica e mais seja o quer que for para aperfeiçoar a Perfeição. E isso eu pude observar e testemunharei onde quer que seja.
Mas pior que tudo é a ganância pelo lucro fácil com o maior desprezo pela crise económica que asfixia o País.
Então isto não se faria muito melhor e mais economicamente com o recurso a tratamento manual ?
O que não falta neste mundo são hábeis e generosas mãos capazes de executar, a contento das duas partes, tão delicada terapia.
Embora sem o vigor de antigamente, e apesar da tremura das mãos, ainda me atrevo oferecer o meu modesto contributo para qualquer intervenção deste género.

E não levo nada por isso.