Roxa xenaider

terça-feira, julho 29, 2008

A “PANTUFADA”

Doce palavra esta!
Foi, talvez há mais de vinte anos que, tanto quanto posso recordar, a ouvi, fixei na memória e devo uma
imensa gratidão à senhora que a pronunciou .
Ao tempo, pré Abecassis, ainda circulavam autocarros na Rua Augusta. E com que velocidade o faziam!
Havia várias paragens ao longo do percurso, o trânsito fazia-se no sentido Sul Norte e os carros que circulavam pelo meio da rua, ao aproximar-se da paragem, inflectiam para o passeio à beira do qual se organizavam as filas de espera.
Assim, como habitualmente acontecia, era eu um dos pacientes futuros passageiros.
A umas dezenas de metros mais diante da “minha” paragem havia uma outra para a qual se dirigia em grande velocidade, um autocarro, muito rente ao passeio para facilitar a abordagem, como as pessoas daquele tempo se lembrarão, o perfil da rua era abaulado pelo que os carros circulando junto ao passeio, vinham muito inclinados, e, assim, o espelho retrovisor, uma peça de razoáveis dimensões, ultrapassa-se o limite do passeio.
Subitamente sinto-me puxado para trás com violência e vejo passar no sítio onde momentos antes estivera minha pobre cabeça que já lá não estava, e que aliás nem estaria mais, se uma senhora me não tivesse salvo a vida, acompanhando o gesto generoso com o mais do que apropriado comentário: “ o senhor ia levando uma pantufada!”
O que são as contradições da criatura humana:
já me não lembro da senhora, mas não esqueci a palavra.
E não mais usei chinelos.
Calço pantufas...

A “PANTUFADA”

Doce palavra esta!
Foi, talvez há mais de vinte anos que, tanto quanto posso recordar, a ouvi, fixei na memória e devo uma
imensa gratidão à senhora que a pronunciou .
Ao tempo, pré Abecassis, ainda circulavam autocarros na Rua Augusta. E com que velocidade o faziam!
Havia várias paragens ao longo do percurso, o trânsito fazia-se no sentido Sul Norte e os carros que circulavam pelo meio da rua, ao aproximar-se da paragem, inflectiam para o passeio à beira do qual se organizavam as filas de espera.
Assim, como habitualmente acontecia, era eu um dos pacientes futuros passageiros.
A umas dezenas de metros mais diante da “minha” paragem havia uma outra para a qual se dirigia em grande velocidade, um autocarro, muito rente ao passeio para facilitar a abordagem, como as pessoas daquele tempo se lembrarão, o perfil da rua era abaulado pelo que os carros circulando junto ao passeio, vinham muito inclinados, e, assim, o espelho retrovisor, uma peça de razoáveis dimensões, ultrapassa-se o limite do passeio.
Subitamente sinto-me puxado para trás com violência e vejo passar no sítio onde momentos antes estivera minha pobre cabeça que já lá não estava, e que aliás nem estaria mais, se uma senhora me não tivesse salvo a vida, acompanhando o gesto generoso com o mais do que apropriado comentário: “ o senhor ia levando uma pantufada!”
O que são as contradições da criatura humana:
já me não lembro da senhora, mas não esqueci a palavra.
E não mais usei chinelos.
Calço pantufas...

quinta-feira, julho 10, 2008

Vou escrever “isto” pela terceira vez,
Porque sempre me tem desaparecido
Espero que não aconteça o mesmo agora.
E aqui deixo o meu pedido:.“Por favor,
Computador, computa direitinho”
:



O Camião e os Burricos

“ Fábula “

De Corroios pr’à Sobreda
circulava um camião
por uma estreita vereda,
quando, de supetão,
surgiu um par de burricos
presos por uma arreata.
Pára carro, param jumentos
em situação caricata
que durou só uns momentos.
Sem mesm’haver discussão,
nem uns sopapos nem murros
trocados de lado a lado
sem más palavras nem zurros
já que os prudentes burricos
provando não serem “burros”
tomaram o caso em mão,
e arrepiaram caminho
à frente do camião
no seu trote miudinho.
Logo adiante avistaram
numa parede um desvão
onde, lestos, se acoitaram.
De certo já conhecido,
por noutras ocasiões,
ali se terem metido
a ver passar camiões.
Assim que o carro passou

retornaram sem tardança
ao seu antigo caminho
no seu trote miudinho
de burrico’inda criança.






Moral da história:

Mas se fossem os políticos
que desgovernam a Terra,
discutiam, discutiam
e’inda hoje lá estariam,
e talvez houvesse guerra.


Em memória de meu Pai que,
entre muitas outras, me contou
esta “Rochet-Schneider.”


Sacavém, 2008-6-29







.






































































Vou escrever “isto” pela terceira vez,
Porque sempre me tem desaparecido
Espero que não aconteça o mesmo agora.
E aqui deixo o meu pedido:.“Por favor,
Computador, computa direitinho”
:



O Camião e os Burricos

“ Fábula “

De Corroios pr’à Sobreda
circulava um camião
por uma estreita vereda,
quando, de supetão,
surgiu um par de burricos
presos por uma arreata.
Pára carro, param jumentos
em situação caricata
que durou só uns momentos.
Sem mesm’haver discussão,
nem uns sopapos nem murros
trocados de lado a lado
sem más palavras nem zurros
já que os prudentes burricos
provando não serem “burros”
tomaram o caso em mão,
e arrepiaram caminho
à frente do camião
no seu trote miudinho.
Logo adiante avistaram
numa parede um desvão
onde, lestos, se acoitaram.
De certo já conhecido,
por noutras ocasiões,
ali se terem metido
a ver passar camiões.
Assim que o carro passou

retornaram sem tardança
ao seu antigo caminho
no seu trote miudinho
de burrico’inda criança.






Moral da história:

Mas se fossem os políticos
que desgovernam a Terra,
discutiam, discutiam
e’inda hoje lá estariam,
e talvez houvesse guerra.


Em memória de meu Pai que,
entre muitas outras, me contou
esta “Rochet-Schneider.”


Sacavém, 2008-6-29







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