tremulo,claudicante (corrigido)
Trémulo, claudicante,
no seu fraque de bom corte,
de olho lacrimejante,
lamentando a sua sorte,
seguia o infeliz noivo
cumprino o sacrifício
de receber na igreja,
avantajada maquia
- servida numa bandeja –
que a velha noiva trazia.
Lá ía a filosofar:
“vou juntar aos meus trint’anos
os setenta e cinco dela.
que pouco pode durar.
E a vida há-de ser bela
com dinheiro pr’a gastar,
com todo o Mundo pr’a ver
e miúdas pr’a conquistar”.
E assim chegou à Igreja.
Postou-se junto ao altar
debaixo d'olhares d'inveja
de muitos dos circunstantes
esperando que a noiva chegasse
dentro de poucos instantes.
Esperou, esperou e desesperou
vendo os minutos passar
e da noiva nem a sombra.
Eis que da porta de entrada
vem um certo burburinho,
e a figura desesperada
de um solitário padrinho,
poisque não trazia a noiva.
O pobre vinha sozinho
trazendo a triste notícia:
“A velha noiva pisgou-se
com um moço de vinte anos”.
Por algum tempo pensou-se
que seriam grandes os danos.
com o “copo de água” pago,
com a cerveja a aquecer,
os rissóis a arrefecer,
os doces a derreter.
e os convivas esfomeados
com os dentes a ranger.
Foi então que o noivo deu
prova de sabedoria.
Erguendo os braços ao Céu,
diz: "obrigado Senhor
pela lição que me deste
não me deixando vender".
Deitou o fraque pr'o chão,
e,aliviado o coração,
abandonou a igrela
e seguido p'la comitiva.
lançou~se sobre a cerveja,
os doces e os rissois
e comeram sem parança
os pratos de caracois.
De todos,o mais contente
era o eis infeliz noivo
que, pobre mas conformado
fez honras ao beberete.
É,como diz o ditado:
"Pobrete, mas alegrete!"
no seu fraque de bom corte,
de olho lacrimejante,
lamentando a sua sorte,
seguia o infeliz noivo
cumprino o sacrifício
de receber na igreja,
avantajada maquia
- servida numa bandeja –
que a velha noiva trazia.
Lá ía a filosofar:
“vou juntar aos meus trint’anos
os setenta e cinco dela.
que pouco pode durar.
E a vida há-de ser bela
com dinheiro pr’a gastar,
com todo o Mundo pr’a ver
e miúdas pr’a conquistar”.
E assim chegou à Igreja.
Postou-se junto ao altar
debaixo d'olhares d'inveja
de muitos dos circunstantes
esperando que a noiva chegasse
dentro de poucos instantes.
Esperou, esperou e desesperou
vendo os minutos passar
e da noiva nem a sombra.
Eis que da porta de entrada
vem um certo burburinho,
e a figura desesperada
de um solitário padrinho,
poisque não trazia a noiva.
O pobre vinha sozinho
trazendo a triste notícia:
“A velha noiva pisgou-se
com um moço de vinte anos”.
Por algum tempo pensou-se
que seriam grandes os danos.
com o “copo de água” pago,
com a cerveja a aquecer,
os rissóis a arrefecer,
os doces a derreter.
e os convivas esfomeados
com os dentes a ranger.
Foi então que o noivo deu
prova de sabedoria.
Erguendo os braços ao Céu,
diz: "obrigado Senhor
pela lição que me deste
não me deixando vender".
Deitou o fraque pr'o chão,
e,aliviado o coração,
abandonou a igrela
e seguido p'la comitiva.
lançou~se sobre a cerveja,
os doces e os rissois
e comeram sem parança
os pratos de caracois.
De todos,o mais contente
era o eis infeliz noivo
que, pobre mas conformado
fez honras ao beberete.
É,como diz o ditado:
"Pobrete, mas alegrete!"
8 Comments:
Olá João Silva
Que bom ler mais um post seu.
O poema é lindíssímo. Permite que o republique no meu blogue de Poemas preferidos "Sentires sentidos?
Quem é o autor?
http://sentirsentidos.blogspot.com
Olá Amigo Rui
Claro que o autor permite e, até ficará lisonjedo pela republicação no seu blogue do "lindíssimo" poema.
Obrigado pelo superlativo.
a) o autor.
olá João,
uma amiga enviou-me o link para o seu blog e estou encantada.
Posso perguntar que idade tem?
obrigada, vou continuar a leitura
Olá Arlinda- Claro que uma pergunta +pode sempre fazer-se, a menos que seja a idade de uma senhora.
A resposta, poder-se.à dar ou não Mas eu vou responder:
Por enquanto ainda tenho só 92 anos.
Olá João Silva
1. O meu obrigado pela sua resposta ao meu comentário e parabéns pela bonita idade.
Qual é o nome que dá ao seu poema: Trémulo, claudicante ou Pobrete, Alegrete?
Sentires sentidos
http://sentirsentidos.blogspot.com
2. Tenho no ar um novo blogue, de nome Antologias
http://antologiasemprosa.blogspot.com
Boa note amigo Rui. Já é quase madrugada-
Não tinha pensado no título; mas pobrete... não porque tira o efeito final. Talvez claudicante, sem tremuas.
Abraço joão.
lembro-me bem de si repórter da CGTP a correr com passo miudinho mas rápido atrás de lado à frente das manifs e uma vez até perguntei ao zé carlos pratas " mas que idade tem o fotógrafo da CGTP?"
Com a sua idade tinha uma elegância a fotografar e sempre simplesmente equipado com o minimo material possível ( creio que eram Nikons FM's e FE?s) lá ia fazendo o seu trabalhinho militante claro mas digno.
jb
ex repórter de imprensa
Talvez já cá não esteja, mas enquanto viver na cabeça de alguém a eternidade persegui-lo-á.
Deixei no Cazombo gente boa, o CAIOMBE, cozinheiro do AM foi um deles - provavelmente, porque funcionário do colonizador, mataram-no - tenho saudades daquele sorriso de orelha a orelha, cabeça a encimar umas pernas à Garrincha - foi um bom amigo. Lamentavelmente nos últimos dias de Cazombo e contra todas as regras, puseram-se a lavar a cozinha com gasolina de avião ainda as chapas de ferro estavam bem quentes e, não contentes, haviam fechado a porta - resultado uma explosão, gente queimada, evacuação para o Luso - espero que tudo tenha corrido pelo melhor. Agradecimento muito especial ao LISBOA que com uma cabeçada conseguiu rebentar com o postigo e abrir um espaço de fuga. O Tenente Eng.º Mourato, que será feito dele? O Bat Caç. era comandado pelo Senhor Tenente-coronel Bordadágua.
Estávamos em Dezembro/Janeiro de 73. Rever o Cazombo de então era algo que pedia aos meus amigos: o meu email é nnp@sapo.pt.
O meu nome é Natálio Paróla.
Que será feito do Barros e do Lopes? Tinham um restaurante no Cazombo.
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