as qualidades e a memória
AS QUALIDADES E A MEMÓRIA
Há, entre os muitos erros do Criador, um que me choca pela crueldade, involuntária acredito, mas que nem por isso deixa de ser cruel.
Que diferença me faz a mim, uma vez atropelado, que o condutor estivesse alcoolizado ou simplesmente distraído, se o resultado seria sempre o mesmo?
Assim o Criador.
Porque nos vai tirando, ou deixando perder, qualidades e não nos retira a memória delas?
Porquê irmos pouco a pouco deixando, por exemplo, de poder alcançar e colher um colorido fruto de uma alta e bela árvore ?
Porquê, sendo a árvore menos alta, mesmo asim,não nos pemite idade colher o fruto que a proximidade torna mais apetitoso?
Porquê, finalmente, a incapacidade de colher o fruto, mas não da sua vista, da recordação do seu perfume, e sabor.?
Por tudo isto atrevo-me a exprobar o Criador por ter matado em mim a qualidade, deixando dela uma viva recordação, mas retirando-me até, a esperança de que o fruto me venha a cair nas mãos.
E para maior sofrimento: “até a Esperança é a última a morrer”
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