quarta-feira, dezembro 07, 2005

catumbela

Parece um itinerário e de certa forma é. porque se detinava e encetar um percurso por outras terras da Região. Porém esse intuito ficará para mais tarde Estamos em 1950 pela Catumbela, pequena Povoação muito antiga conservando os seus edifícios estilo Colonial, razoávelmente conservados . Fica a meio caminho entre Lobito e enguela, trinta quilómetros para cada lado. É o centro de uma grande companhia çucareira, "Cassequell", com grandes culturas de cana sacarina e a respectiva Fábrica . Mas não é a doçura do açúcar que aqui me traz, antes o amargo de ter visto construir uma Fábrica de forma de todo inesperada para min. Era uma grande strutura em ferro com vários andares, e as máquinas funcionando como que ao ar livre. Destinava-se à refinação do rícino e contava para isso com a produção dessa planta, muito abundante na região. Mas, ao que parece os cálculos do custo deprodução,obrigavam a um determinado preço da matéria prima, para além do qual a laboração só daria prejuízo. Impuseram portanto o preço de compra, esperando que os produtores , não tendo outro mercado próximo , não teriam outro remédio senão o de venderem à Fábrica.. E assim sucedeu durante algum tempo – pouco – até que os agricultores que eram todos nativos, perceberam que não ganhavam nada com o egócio. Então, fizeram a única coisa que estava ao seu alcance, desinteressaram-se da cultura do rícino.. Acabando com a esta, acabaram. com a Indústria. E a Fábrica fechou . E aquela estrutura inovadora, que à noite, era digna de se ver com as suas luzes brilhando na escuridão do mato envolvente, paralisou. Assim esteve durante cerca de vinte anos, até que por influência do Engenheiro Agrónomo Ilídio Barbosa e creio não estar enganado,- após a reconversão da maquinaria voltou a laborar com vários produtos agrícolas:, como bagaço de algodão, semente de girassol, ginguba (amendoim) etc, e assim se manteve, durante muitos anos. Quando saí de Angola, em 1979 não pude saber se ainda funcionava, se as suas muitas luzes ainda iluminavam a escuridão do mato em roda. Mas com o clima de guerra que então se vivia, é tristemente provável que não.