Gorongoza
Fui contratado para ir a Moçambique em Setembro de 1953 filmar um documentário sobre caça. Fizemos trabalhos na Zambésia que já relatei noutro escrito. Posteriormente fomos para o Parque da Gorongoza onde seria mais fácil filmar os animais mais de perto, dado que ali, porque se sentiam seguros deixavam aproximar os carros, não as pessoas a pé. Tivemos oportunidade de encontrar uma grande variedade de espécies em boas condições de filmagem mas depois de termos gasto dois ou três dias de busca, não viramos sequer o rasto de leões. Coisa difícil de acreditar já que aquela Reserva era conhecida pela abundância daquela espécie. Saíamos do acampamento ainda de noite com duas carrinhas e chegávamos ao nascer do dia às zonas onde seria mais certo encontrar caça. Devo dizer em aparte que quando saí de Luanda, não sabia muito bem o que me iria acontecer, já que o meu patrão e, a partir dali, meu grande Amigo Felipe Solms era perfeitamente imprevisível e completamente Louco ( ou quase ) meti na mala a roupa do mato e, entre outras peças, um smoking branco. Na terceira madrugada da busca do leão, aproveitando a fraca visibilidade do acampamento, vesti uma boa camisola por baixo da camisa, enverguei o smoking e fui empoleirar-me no tejadilho da carrinha o melhor sítio para filmar. Os outro foram chegando meios ensonados e sentando-se nas tábuas que serviam de assentos. Quando o dia clareou o Alberto Araújo, nosso caçador guia e protector - tinha licença para levar uma arma – começou a rir e chamou a atenção dos outros que , perplexos me perguntaram se eu tinha endoidecido o resto que me faltava. Mas eu tinha uma lógica: então vocês aptresentam-se em mangas de camisa e querem que o Rei da Selva apareça ? Hoje é que vai ser.” Nesse dia filmámos leões para todos os gostos. Claro que tive de mandar o casaco branco para dentro da cabina do carro. Ninguém vai à caça vestido de branco.
Mas lá que resultou, resultou.
Mas lá que resultou, resultou.
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