sexta-feira, outubro 21, 2005

Cavaqueira

Por esta é que eu não esperava ! Confesso-me encavacado. Um Chefe de Estado tem de ser também um diplomata, não pode ser a ameaça de uma farpa no dedo do interlocutor. Se ao menos fosse uma lasca, vá que não vá. Sempre era mais vistosa, e a dor era a mesma. Depois, a figura não ajuda nada. O Bocage era uma fraca figura mas tinha um enorme talento que dava para encavacar qualquer oponente. Porque tamanho não é documento, com é sabido, e não é por ser maior que se deixa de ser cavaco e se passa a ser tronco. Um Chefe de Estado não pode deixar de dar cavaco ao País e ao estrangeiro. E se lá fora procurando e encontrando o étimo de cavaco, descobrem que não é substantivo, próprio de um Presidente, mas de um comum pedaço de lenho cortado a machado de uma árvore tão comum como uma Mirtárcea qualquer, ou de um ainda mais comum Pinus elliot, ainda por cima natural de Cuba. Assim qualquer estrangeiro terá dúvida na forma de se referir ao Presidente da República.
“He is Mr Caveico” , or it’s a caveico ?” Dúvida pungente. Na Segunda hipótese, ainda acaba incinerado num vulgar “fireplace,” mas na primeira, ainda seria pior: Gramar cinco anos, pelo menos a apertar mãos e a fazer discursos inócuos. No meu caso preferiria ter ficado “cavaquinho” desde criança. Pelo menos não me chamariam os nomes: “Queu-cá-sei!”