quinta-feira, outubro 13, 2005

MASSANGANO

O assunto que pretendo abordar é muito sério, no entanto, começarei por um episódio anedótico. Chegara a Luanda poucos dias antes, Janeiro de 1950, para ser o operador de Documentários Cinematográficos. Levado pelo meu Camarada de trabalho, Carlos Marques que me esperara no Aeroporto, instalei-me no Hotel Tuismo, Nessa noite, ao jantar, fui apresentado a um grupo de pessoas ligadas a Sectores Culturais e mesmo um dos responsáveis pelo Departamento Estatal que havia contratado os filmes que nós, o Carlos e eu, iríamos fazer. Entre os assuntos de conversa, vieram à colação episódios históricos, como a Resistência à ocupação pelos holandeses que só acabou em 1648. A propósito falaram várias vezes em Massangano,mas sem que me fosse possível relacionar este nome com o quer que fosse. Perguntei: "Quem foi Massangano?" Houve um silêncio constrangido, e lá me esclareceram que não era pessoa, mas localidade,aliás Fortaleza,da qual ainda existiam edifícios, ao que se julgava, muito degradados. Senti-me um pouco incomodado mas pensei que para um europeu acabado de chegar, aqueles nomes gentílicos não eram de fácil interpretação. Algum tempo depois, O Jornalista Ferreira da Costa, o Pintor Neves e Sousa, e um fotógrafo, foram em expedição a Massangano. Pelo que no regresso contaram, teria sido uma aventura muito difícil e arriscada. Mas regressaram indignados, porque os comerciantes da Vila próxima, iam com carrinhas à Fortaleza e desmontavam pedras já aparelhadas e levavam-nas para construção das suas casas. Iasto indignou de tal forma Ferreira da Costa e o Neves e Sousa que logo que regressaram a Luanda, procuraram o Governador Geral, que ao tempo, princípio dos anos cinquenta, era o Capitão Silva Carvalho que imediatamente mandou telegrafar para o Chefe de Posto, ordenando que não permitisse a continuação dessa actividade. Na volta recebeu a resposta do Chefe de Posto. "Tomei devida nota telegrama vexa stop futuro pedras utilizadas só obras Estado stop chefe Massangano.
Assim se destroi/constroi a História.