O "Macaco" do Marcos...
Os aviões da DTA. Os carros velhos. O "Macaco" do Marcos...e eu.
Ao longo dos vinte e nove anos, oito meses e quatro dias que vivi em Angola, voei centenas de horas nos Douglas DC3, ( Dakota) magníficos aviões de 40 lugares capazes de aterrar em quase todos os campos espalhados pelas grandes e pequenas povoações do interior. Por fim já não voava naquele em que, tempos antes viajara, voava sobre a matrícula (DTA- P?) que se mantinha, mas do aparelho inicial já pouco existia A DTA, ( Direcção dos Transportes de Angola) tinha excelentes oficinas e melhores mecânicos que, chapa aqui, trem ali, motor acolá, faziam renascer um novo aparelho do qual, como já disse, só a matrícula sobrevivera. Comecei a voar nos Dakota em Janeiro de 1950, e voei sobre a mesma matrícula até Agosto de 1979.
Ao longo dos vinte e nove anos, oito meses e quatro dias que vivi em Angola, voei centenas de horas nos Douglas DC3, ( Dakota) magníficos aviões de 40 lugares capazes de aterrar em quase todos os campos espalhados pelas grandes e pequenas povoações do interior. Por fim já não voava naquele em que, tempos antes viajara, voava sobre a matrícula (DTA- P?) que se mantinha, mas do aparelho inicial já pouco existia A DTA, ( Direcção dos Transportes de Angola) tinha excelentes oficinas e melhores mecânicos que, chapa aqui, trem ali, motor acolá, faziam renascer um novo aparelho do qual, como já disse, só a matrícula sobrevivera. Comecei a voar nos Dakota em Janeiro de 1950, e voei sobre a mesma matrícula até Agosto de 1979.
Assim são os carros velhos, de que os meus foram paradigma: um carborador agora, uma biela mais à frente, um diferencial depois, um motor finalmente, e pronto, só sobejava a matrícula. Mas já nem a chapa era a mesma.
Em Lisboa onde vivi até aos trinta e três anos, os operários usavam como indumentãria de trabalho um fato-macaco de ganga. Assim o meu Amigo Marcos companheiro de ttrabalho na Tobis onde trabalhámos em muitos anos e muitos filmes , não fugia à regra e usava um desses fatos emblemáticos. Aos fins de semana ia para a lavar pela Felismina, sua Mulher que além disso tambám o remendava. Um rasgão aqui, um "coçado" mais ali eram habilmente substituídos por um pedaço da mesma ganga. Mas o tecido original ia perdendo a cor, os remendos eram de pano novo, e como estes se iam estendendo ao longo do tempo, já nemhum acertava na cor com outro e muito menos com o original. No fim, tal como sucedia com os aviõe e os carros, só sobeviveria a matrícula - . se matrícula tivesse - como não tinha, restavam as costuras como representantes heróicas do "macaco" primitivo. Já falei dos aviões, dos carros, do "macaco" do Marcos. E eu ?
Que tenho eu a ver com isto? Pois alguma coisa terei sim senhor. Se não vejamos: primeiro tiram-me o apêndice. Depois reparam-me uma hérnia. A seguir puzeram-me uns óculos. Subestituiram-me os dentes. E finalmente (será mesmo finalmente) remendaram-me as coronárias e puseram-me um "pacemaker." Como não tenho matrícula:
Com tanta substituição /terei'inda a identidade /que o nascimeto me deu?
Pergunto-me se nesta idade /ainda serei mesmo eu?
Em Lisboa onde vivi até aos trinta e três anos, os operários usavam como indumentãria de trabalho um fato-macaco de ganga. Assim o meu Amigo Marcos companheiro de ttrabalho na Tobis onde trabalhámos em muitos anos e muitos filmes , não fugia à regra e usava um desses fatos emblemáticos. Aos fins de semana ia para a lavar pela Felismina, sua Mulher que além disso tambám o remendava. Um rasgão aqui, um "coçado" mais ali eram habilmente substituídos por um pedaço da mesma ganga. Mas o tecido original ia perdendo a cor, os remendos eram de pano novo, e como estes se iam estendendo ao longo do tempo, já nemhum acertava na cor com outro e muito menos com o original. No fim, tal como sucedia com os aviõe e os carros, só sobeviveria a matrícula - . se matrícula tivesse - como não tinha, restavam as costuras como representantes heróicas do "macaco" primitivo. Já falei dos aviões, dos carros, do "macaco" do Marcos. E eu ?
Que tenho eu a ver com isto? Pois alguma coisa terei sim senhor. Se não vejamos: primeiro tiram-me o apêndice. Depois reparam-me uma hérnia. A seguir puzeram-me uns óculos. Subestituiram-me os dentes. E finalmente (será mesmo finalmente) remendaram-me as coronárias e puseram-me um "pacemaker." Como não tenho matrícula:
Com tanta substituição /terei'inda a identidade /que o nascimeto me deu?
Pergunto-me se nesta idade /ainda serei mesmo eu?
1 Comments:
claro q es tu e sempre seras tu mesmo depois de te ires seras tu nas nossas memorias. Mil beijos para o HOMEM mais fascinante que pude conhecer na minha ainda curta e mediocre vida.
Nuno
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