Adenda a Alcunhas
ADENDA A ALCUNHAS
( Fevrº/2006 )
Era uma garota muito bonita, bem disposta, com um sorriso radioso. De físico "mighone", nada faria supor que teria um Alcunha. Mas tinha um. Aliás, ganho por inerência Passo a contar: O Grupo Desportivo da Companhia dos Tabacos, "Os Tabacos" –tout court- ocupava umas excelentes instalações numa fábrica desactivada na Rua da Cruz de Stª Apolónia. Tinha um Salão enorme onde antes se se teriam fabricado milhões de cigarros e com certeza alguns edemas pulmonares. Inicialmente destinado a operários e funcionários da Compª - sócios efectivos - não tinha quase actividade visível. Foi então que a Tabaqueira concordou com a admissão de sócios auxiliares, exteriores à Empresa, sem direito a eleger e ser eleitos. Curiosamente o Presidente perpétuo da Direcção era o Senhor Paixão, figura típica de funcionário antiquado tanto nas ideias conservadoras como no vestuário. Era muito delicado e sempre receoso de uma falta de delicadeza. Gostava muito de discursar, não com muita fluência, mas com gestos dramáticos e tão largos que algumas vezes ficavam parados no ar esperando que se esgotasse a "branca" para então concluir o gesto em sincronia com a frase de efeito. Era difícil calá-lo quando em Assembleia usava da palavra. Era numa dessas brancas que a assistência rompia em aplausos, até que, não tendo outro remédio, suspendia o discurso até uma próxima ocasião. A sua eloquência sempre apoiada em frases "bonitas" tinha um chavão para quando se referia ao Clube e à sua tradição. Dizia muitas vezes com a mão sobre o coração e com uma paragem dramática. " Os nossos Pergaminhos!!!" e empregava o termo com tanta frequência e ênfase que ganhou o "Título"de "Pergamoides" . Foi sob a sua égide que se formaram Comissões que trouxeram mais dinamismo e desenvolvimento ao "Tabacos". Passou a haver aulas de ginástica, luta greco-romana, jogo do pau , ministradas por Mestres competentes e com bastante concorrência de alunos. Organizaram-se Saraus de Ginástica aplicada... e BAILES com muita concorrência de gente dos Bairros de Alfama, Graça, Castelo, etc. A cem metros da Séde, na Calçada dos Barbadinhos, havia um campo de patinagem que passou a ser um local de grande afluência de praticantes e espectadores a apreciarem as evoluções e principalmente, os trambolhões dos aprendizes. Era comum que nos festivais de patinagem artística se incluí-se um número cómico. Geralmente uma tourada, com touro, cornos e tudo, desempenhado por dois patinadores, cobertos por um pano preto, debruçados um sobre o outro, cabendo ao da cabeça, a movimentação dos cornos e a perseguição aos "toureiros". Quando se começou a ensaiar a "Fiesta" houve logo muitos candidatos a boi. Um dos mais insistentes era um moço muito novo que, embora patinando bem, não garantia "idoneidade" do bovino. Enfim tanto serrazinou os organizadores: " deixem-me fazer o boi! Eu vou fazer o boi muito bem!" que lhe proporcionaram um ensaio. De tal modo se comportou que foi aceite, e justamente para a cabeça do boi. Na noite do festival, revelou-se um autêntico "Miura". Foi o herói incontestado do espectáculo. Para além de ter recebido os aplausos do Público, ganhou ainda uma lembrança artística. Mas ganhou
também um alcunha para o resto vida: "O BOI”.Como era ainda garoto, não se importou com o epíteto. Mas a irmã, coitadinha, tão graciosa e simples!... mas era a irmã do Boi, daí que passasse ser a “Vaca”, ...por “inerência”.
Era uma garota muito bonita, bem disposta, com um sorriso radioso. De físico "mighone", nada faria supor que teria um Alcunha. Mas tinha um. Aliás, ganho por inerência Passo a contar: O Grupo Desportivo da Companhia dos Tabacos, "Os Tabacos" –tout court- ocupava umas excelentes instalações numa fábrica desactivada na Rua da Cruz de Stª Apolónia. Tinha um Salão enorme onde antes se se teriam fabricado milhões de cigarros e com certeza alguns edemas pulmonares. Inicialmente destinado a operários e funcionários da Compª - sócios efectivos - não tinha quase actividade visível. Foi então que a Tabaqueira concordou com a admissão de sócios auxiliares, exteriores à Empresa, sem direito a eleger e ser eleitos. Curiosamente o Presidente perpétuo da Direcção era o Senhor Paixão, figura típica de funcionário antiquado tanto nas ideias conservadoras como no vestuário. Era muito delicado e sempre receoso de uma falta de delicadeza. Gostava muito de discursar, não com muita fluência, mas com gestos dramáticos e tão largos que algumas vezes ficavam parados no ar esperando que se esgotasse a "branca" para então concluir o gesto em sincronia com a frase de efeito. Era difícil calá-lo quando em Assembleia usava da palavra. Era numa dessas brancas que a assistência rompia em aplausos, até que, não tendo outro remédio, suspendia o discurso até uma próxima ocasião. A sua eloquência sempre apoiada em frases "bonitas" tinha um chavão para quando se referia ao Clube e à sua tradição. Dizia muitas vezes com a mão sobre o coração e com uma paragem dramática. " Os nossos Pergaminhos!!!" e empregava o termo com tanta frequência e ênfase que ganhou o "Título"de "Pergamoides" . Foi sob a sua égide que se formaram Comissões que trouxeram mais dinamismo e desenvolvimento ao "Tabacos". Passou a haver aulas de ginástica, luta greco-romana, jogo do pau , ministradas por Mestres competentes e com bastante concorrência de alunos. Organizaram-se Saraus de Ginástica aplicada... e BAILES com muita concorrência de gente dos Bairros de Alfama, Graça, Castelo, etc. A cem metros da Séde, na Calçada dos Barbadinhos, havia um campo de patinagem que passou a ser um local de grande afluência de praticantes e espectadores a apreciarem as evoluções e principalmente, os trambolhões dos aprendizes. Era comum que nos festivais de patinagem artística se incluí-se um número cómico. Geralmente uma tourada, com touro, cornos e tudo, desempenhado por dois patinadores, cobertos por um pano preto, debruçados um sobre o outro, cabendo ao da cabeça, a movimentação dos cornos e a perseguição aos "toureiros". Quando se começou a ensaiar a "Fiesta" houve logo muitos candidatos a boi. Um dos mais insistentes era um moço muito novo que, embora patinando bem, não garantia "idoneidade" do bovino. Enfim tanto serrazinou os organizadores: " deixem-me fazer o boi! Eu vou fazer o boi muito bem!" que lhe proporcionaram um ensaio. De tal modo se comportou que foi aceite, e justamente para a cabeça do boi. Na noite do festival, revelou-se um autêntico "Miura". Foi o herói incontestado do espectáculo. Para além de ter recebido os aplausos do Público, ganhou ainda uma lembrança artística. Mas ganhou
também um alcunha para o resto vida: "O BOI”.Como era ainda garoto, não se importou com o epíteto. Mas a irmã, coitadinha, tão graciosa e simples!... mas era a irmã do Boi, daí que passasse ser a “Vaca”, ...por “inerência”.
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