COMO DO PERTO SE FEZ LONGE
Uma viagem frustrante.
Princípio da década de sessenta do Século passado. Reinava Sá Viana Rebelo, e acabava eu um Documentário sobre a cultura do Café. Para tanto, deslocara-me à Vila da Gabela a cerca de quatrocentos quilómetros de Luanda, a fim de colher imagens na Fazenda Boa Entrada, uma das mais bem organizadas e produtivas de Angola. Findo ali o trabalho, rumei a Novo Redondo, Porto por onde era exportada a quase totalidade do café produzido no Amboím . Fiz ali o trabalho que tinha a fazer num Domingo e na segunda feira dispus-me a regressar a Luanda para o que tinha duas opções quanto a trajecto: voltar para trás fazendo noventa e um quilómetros0 subindo do nível do Mar para mil metros de altitude por estrada de terra batida até à Gabela, tomando aí o caminho de Luanda, quatrocentos quilómetros já parcialmente asfaltados. Era segunda-feira, e teria quase uma semana para chegar a Luanda a tempo de filmar a inauguração da Feira Internacional de Luanda - FILDA – pelo Governador Geral,no sábado seguinte, ante-véspera do Feriado de 15 de Agosto. Na perspectiva dos noventa quilómetros maus e a subir, optei – com alguma imprudência – como pude constatar mais tarde quando já não havia remédio, optei dizia eu, pelo caminho do litoral: o mais curto. Tinha muito tempo pela frente e também muitos problemas. Mas o anseio por conhecer mais um caminho, uma nova paisagem, e uma aventura como outras que ainda iria viver por mais vinte anos, levou-me a esta ecolha.. Triste fado o meu que tanto me arrasta para a desgraça. O meu carro era uma carrinha Skoda que parecia uma Ambulância. Os garotos de Luanda troçavam dessa semelhança . Era um carro com muita estabilidade, muito baixo e batia muitas vezes nos altos e baixos dos caminhos por onde a metia. Era segunda-feira, tinha pois quatro dias.. . e cinco noites, para alcançar a Capital na sexta, véspera da abertura da Feira. Mas, já quase veterano nestas andanças, elaborei uma rota tanto quanto possível exacta naquele "Mar" que eu ainda não navegara. Assim, tomei como objectivo primeiro, a Cidade de Porto Amboím, a cerca de oitenta quilómetros de piso arenoso, segundo o que me haviam dito. Velocidade moderada, portanto. Deixei Novo Redondo na terça-feira de madrugada. A estrada não parecia má, e como estávamos no Cacimbo não havia o risco dos enterranços Mas para substituir a lama havia, e eu só o soube naquela ocasião, um pó muito branco e muito fino mais parecendo pó d’arroz que enchia os buracos tornando o caminho aparentemente liso. Entrei na primeira armadilha, uma depressão do terreno, bastante extensa, três a quatro metros recoberto pelo aludido pó. Iludido, segui à velocidade que o carro trazia, sem abrandar nada. O solavanco foi pequeno mas levantou uma nuvem de pó que quase me cegou. Andada uma meia dúzia de metros o carro foi-se abaixo e não quis pegar de novo. Assim, iniciei uma rotina que mais vezes iria utilizar. Mas eu ainda não sabia.: desmontei o filtro do ar, limpei-o rodei a chave não pegou; o da gasolina, com o mesmo resultado. Outras coisas fiz sem êxito, até que resolvi parar com as buscas da avaria , e descansei. Passado pouco tempo dei a volta à chave e o carro pegou. Já não se tratava de pó, mas apenas de qualquer coisa que no carro deixava de funcionar. Chegado a Porto Amboím procurei uma oficina, mas era hora de almoço. Quando abriu fizeram uma observação rápida ao carro que "não tinha nada" Entretanto, um garoto que ali estava esperando boleia pediu-me que o levasse até uma aldeia muito longe dali. Passei a ter um ouvinte atento às conversas solitárias que comigo próprio estabelecia durante longas horas a "omer" quilómetros. Continuei a viagem e foi-se repetindo o problema mesmo sem poeiras. Desmontei o carborador, limpei as velas, os .platinados e o distribuidor. Não houve nada do que estava ao meu alcance, em que não metesse a mão. Entretanto já não era terça-feira à muito tempo. Já tínhamos dormido duas noites sentados no banco do carro. Passáramos por uma loja de comércio isolada naquela desolada paisagem, e onde comprei um pão grande e duas garrafas de água. Tínhamos passado pelo pararelo do Farol das Três Pontas, entráramos no Parque Nacional da Quiçama. Não tiveram conta as paragens mais ou menos demoradas. E os dias iam passando. Chegara à conclusão de que: quando o carro resolvesse parar me deixasse ficar à espera, e não fizesse nada até que "ele" recuperasse, lá iria andando com muito menos desespero. Entretanto o garoto já tinha ficado pelo caminho. Ainda bem porque do pão e da água pouco restava. Já desesperava quanto à possibilidade de chegar a tempo da inauguração da Feira, quando chegou uma carrinha carregando uma vaca que o meu Amigo Bickman levava para o Matadouro de Luanda. Já trazia com ele, duas pessoas. Não me poude levar com ele. Vem a propósito dizer que este meu
Amigo era um lemão que quase nascera em Angola, lá fizera o Liceu, e falava um português
impecável. Anos mais tarde sofreu uma tragédia que a seu tempo relatarei.. Pedi-lhe que me levasse para Luanda um bilhete a pedir um reboque. Logo que o carro resolveu, mais uma vez, responder tornei a andar mais uns poucos quilómetro, tantos quantos o Skoda se dignou conceder-me; muito poucos, portanto. Até que se imobilizou novamente. Nessa altura já tinha partido uma folha de mola da frente, que era transversal, o que fazia com que andasse com o chassi a roçar os pneus que de vez enquanto cheiravam a queimado. Valiam as frequentes paragens. Nem tudo é mau nesta Vida! Por agora consegui empurrar o carro para debaixo de umas arvores à beira da estrada .Verifiquei que estava a cerca de quinze quilómetros da Jangada da Muxima à beira o Quanza. Aquela iria ser a quarta noite passada parte em marcha parte a dormir, até alcançar finalmente o Sábado da minha frustração; do castigo da minha imprudência. .Era o adeus definitivo à inauguração da Feira. A dada altura ouvi o ruído d um avião ligeiro, mas não liguei, nem saí do carro. Não pedira, não precisava, nem estava à espera de apoio aéreo. Comecei a pensar no que iria fazer a seguir. Não se tratava já de lutar contra o tempo, essa luta eu já perdera ingloriamente. Naquela estrada havia pouquíssimo tráfego, a prova disso é que numa semana quase inteira, e trezentos quilómetros de caminho, apenas tinha encontrado um carro. E mesmo esse já transportava um outro "cadáver adiado" com prioridade, e não me pudera valer. Até ali não me cruzara com viv'Alma naqueles cinco tormentosos dias. Era sexta-feira. No sábado e no Domingo não haveria nenhum camionista que passasse por ali. Segunda-feira era o feriado de 15 de Agosto, pelo que, na melhor das hipóteses, só na terça-feira poderia, por ali passar alguém ou viriam antes procurar-me de Luanda. Entretanto já era sábado. Mais uma noite no banco do carro, o que não era muito grande sacrifício. Sacrifício era sim, estender as pernas na manhã seguinte. Porém as perspectivas eram negras, até porque já se acabara aquele enorme, duro e "delicioso" pão, e a água já era pouca. Resolvi enfrentar os quinze quilómetros que me separavam da Jangada do Quanza. Portanto, meter pés a caminho, deixando o material fechado dentro da carrinha, crente de que por uma estrada na qual não tinha encontrado ninguém durante uma semana inteira, não passaria um ladrão.. Peguei num bornal com o resto da água e a faca de mato para o caso de encontrar uma lavra de mandioca, e não topar com qualquer habitante menos pacífico do Parque da Quiçama.
E iniciei os primeiros metros a descontar nos quinze quilómetros que me separavam da Jangada da Muxima. A povoação era na outra margem e ai, talvez pudesse comunicar com Luanda, ou mesmo arranjar um carro para voltar para trás e levar o material. Tinha andado talverz duzentos ou trezentos metros quando oiço a mais celestial das músicas que já ouvira ou voltei a
ouvir: o motor de um carro. Parei, e esperei, numa atitude de pura beatitude. Era mesmo um carro, uma carrinha cheia de gente. Vinham de Novo Redondo e iam para Luanda e dispuseram-se a levar-me ao colo, mas eu supliquei que também levassem o material que poderia ser roubado assim abandonado dentro de um carro com janelas vulneráveis. Foram tão gentis que deram volta ao carro e fomos buscar o meu material. Mas quando viram, uma mala de alumínio de 50x50x30, mais um tripé e uma malinha com uma bateria, ficaram perplexos, quiçá arrependidos de se terem deixado convencer, Claro que prescindi de tudo quanto eram
Artigos pessoais. Lá nos encaixamos com a mala e o tripé ao colo, como ao colo uns dos outros já íamos Nunca mais me digam mal dos Jeovás. Vinham detradoe fazer sessões em N.Redondo e Porto Amboím e iam com a mesma missão no Domingo em Luanda. Cheguei ainda a tempo depo de ouvir os foguetes na FIL, mas já sem possibilidades de lá chegar. Foi então que soube que o avião que eu ouvira, era tripulado por um Amigo que levava o meu Pai como passageiro ( foi o seu baptismo de voo. Sobrevoaram o local onde eu estivera na véspera, por isso não me encontraram. Mas há aqui um pormenor de caricata generosidade: levavam um pacote com umas sandes e... uma garrafa de cerveja, tudo enchumaçado e embrulhado num pano encarnado. Mesmo que não rebentasse ao cair, cerveja era a última coisa que eu me atreveria a beber.
Nimguem pensou num liquidozinho incolor e insípido, que tem inúmeros préstimos, desde apagar incêndios, lavar a cara, e até MATAR A SEDE!!! E pronto, lá cheguei são e salvo, com uma barba de oito dias e menos dois quilos descontados aos meus sessenta e cinco. Vem a talhe de foice relembrar aqui um lema que eu muito evoco mas pouco pratico: "sempre que possas escolher o caminho, não vás pelo mais curto. Vai pelo mais belo" Escolhi o mais curto. Bem feito!
A tempo
Esta hitória não é exactamente a que pretendia escrever. Não porque não seja inteirmnte verídica, mas porque desejava recordar a um grande Amigo que há não muitos anos ali nasceu,
os locaais da sua adolescência: Cuvelo, Balabaia, Egito-Praia, Canjola com o seu Cantinho do Céu do ilusionista Karma que ali mandou construir um edifício de todo deslocado naquele ambiente, pelo volume, arquitectura e sobretudo pelo isolamento. Mas ainda bem que o fez erigir. Era provido de quartos onde se podia descansar e retemperar forças de viagens como a que relatei acima. Eu fora ali para filmar a cobertura aérea do algodão por desinfectantes, insecticídas ou notrientes. Tudo correu bem e por isso não me lembratria de a relatar. Mas agora irems, o meu Amigo e eu, desfiar recordações e saudades duma terra que nunca esquecerá a quem lá nasceu ou viveu or muitos anos.
Princípio da década de sessenta do Século passado. Reinava Sá Viana Rebelo, e acabava eu um Documentário sobre a cultura do Café. Para tanto, deslocara-me à Vila da Gabela a cerca de quatrocentos quilómetros de Luanda, a fim de colher imagens na Fazenda Boa Entrada, uma das mais bem organizadas e produtivas de Angola. Findo ali o trabalho, rumei a Novo Redondo, Porto por onde era exportada a quase totalidade do café produzido no Amboím . Fiz ali o trabalho que tinha a fazer num Domingo e na segunda feira dispus-me a regressar a Luanda para o que tinha duas opções quanto a trajecto: voltar para trás fazendo noventa e um quilómetros0 subindo do nível do Mar para mil metros de altitude por estrada de terra batida até à Gabela, tomando aí o caminho de Luanda, quatrocentos quilómetros já parcialmente asfaltados. Era segunda-feira, e teria quase uma semana para chegar a Luanda a tempo de filmar a inauguração da Feira Internacional de Luanda - FILDA – pelo Governador Geral,no sábado seguinte, ante-véspera do Feriado de 15 de Agosto. Na perspectiva dos noventa quilómetros maus e a subir, optei – com alguma imprudência – como pude constatar mais tarde quando já não havia remédio, optei dizia eu, pelo caminho do litoral: o mais curto. Tinha muito tempo pela frente e também muitos problemas. Mas o anseio por conhecer mais um caminho, uma nova paisagem, e uma aventura como outras que ainda iria viver por mais vinte anos, levou-me a esta ecolha.. Triste fado o meu que tanto me arrasta para a desgraça. O meu carro era uma carrinha Skoda que parecia uma Ambulância. Os garotos de Luanda troçavam dessa semelhança . Era um carro com muita estabilidade, muito baixo e batia muitas vezes nos altos e baixos dos caminhos por onde a metia. Era segunda-feira, tinha pois quatro dias.. . e cinco noites, para alcançar a Capital na sexta, véspera da abertura da Feira. Mas, já quase veterano nestas andanças, elaborei uma rota tanto quanto possível exacta naquele "Mar" que eu ainda não navegara. Assim, tomei como objectivo primeiro, a Cidade de Porto Amboím, a cerca de oitenta quilómetros de piso arenoso, segundo o que me haviam dito. Velocidade moderada, portanto. Deixei Novo Redondo na terça-feira de madrugada. A estrada não parecia má, e como estávamos no Cacimbo não havia o risco dos enterranços Mas para substituir a lama havia, e eu só o soube naquela ocasião, um pó muito branco e muito fino mais parecendo pó d’arroz que enchia os buracos tornando o caminho aparentemente liso. Entrei na primeira armadilha, uma depressão do terreno, bastante extensa, três a quatro metros recoberto pelo aludido pó. Iludido, segui à velocidade que o carro trazia, sem abrandar nada. O solavanco foi pequeno mas levantou uma nuvem de pó que quase me cegou. Andada uma meia dúzia de metros o carro foi-se abaixo e não quis pegar de novo. Assim, iniciei uma rotina que mais vezes iria utilizar. Mas eu ainda não sabia.: desmontei o filtro do ar, limpei-o rodei a chave não pegou; o da gasolina, com o mesmo resultado. Outras coisas fiz sem êxito, até que resolvi parar com as buscas da avaria , e descansei. Passado pouco tempo dei a volta à chave e o carro pegou. Já não se tratava de pó, mas apenas de qualquer coisa que no carro deixava de funcionar. Chegado a Porto Amboím procurei uma oficina, mas era hora de almoço. Quando abriu fizeram uma observação rápida ao carro que "não tinha nada" Entretanto, um garoto que ali estava esperando boleia pediu-me que o levasse até uma aldeia muito longe dali. Passei a ter um ouvinte atento às conversas solitárias que comigo próprio estabelecia durante longas horas a "omer" quilómetros. Continuei a viagem e foi-se repetindo o problema mesmo sem poeiras. Desmontei o carborador, limpei as velas, os .platinados e o distribuidor. Não houve nada do que estava ao meu alcance, em que não metesse a mão. Entretanto já não era terça-feira à muito tempo. Já tínhamos dormido duas noites sentados no banco do carro. Passáramos por uma loja de comércio isolada naquela desolada paisagem, e onde comprei um pão grande e duas garrafas de água. Tínhamos passado pelo pararelo do Farol das Três Pontas, entráramos no Parque Nacional da Quiçama. Não tiveram conta as paragens mais ou menos demoradas. E os dias iam passando. Chegara à conclusão de que: quando o carro resolvesse parar me deixasse ficar à espera, e não fizesse nada até que "ele" recuperasse, lá iria andando com muito menos desespero. Entretanto o garoto já tinha ficado pelo caminho. Ainda bem porque do pão e da água pouco restava. Já desesperava quanto à possibilidade de chegar a tempo da inauguração da Feira, quando chegou uma carrinha carregando uma vaca que o meu Amigo Bickman levava para o Matadouro de Luanda. Já trazia com ele, duas pessoas. Não me poude levar com ele. Vem a propósito dizer que este meu
Amigo era um lemão que quase nascera em Angola, lá fizera o Liceu, e falava um português
impecável. Anos mais tarde sofreu uma tragédia que a seu tempo relatarei.. Pedi-lhe que me levasse para Luanda um bilhete a pedir um reboque. Logo que o carro resolveu, mais uma vez, responder tornei a andar mais uns poucos quilómetro, tantos quantos o Skoda se dignou conceder-me; muito poucos, portanto. Até que se imobilizou novamente. Nessa altura já tinha partido uma folha de mola da frente, que era transversal, o que fazia com que andasse com o chassi a roçar os pneus que de vez enquanto cheiravam a queimado. Valiam as frequentes paragens. Nem tudo é mau nesta Vida! Por agora consegui empurrar o carro para debaixo de umas arvores à beira da estrada .Verifiquei que estava a cerca de quinze quilómetros da Jangada da Muxima à beira o Quanza. Aquela iria ser a quarta noite passada parte em marcha parte a dormir, até alcançar finalmente o Sábado da minha frustração; do castigo da minha imprudência. .Era o adeus definitivo à inauguração da Feira. A dada altura ouvi o ruído d um avião ligeiro, mas não liguei, nem saí do carro. Não pedira, não precisava, nem estava à espera de apoio aéreo. Comecei a pensar no que iria fazer a seguir. Não se tratava já de lutar contra o tempo, essa luta eu já perdera ingloriamente. Naquela estrada havia pouquíssimo tráfego, a prova disso é que numa semana quase inteira, e trezentos quilómetros de caminho, apenas tinha encontrado um carro. E mesmo esse já transportava um outro "cadáver adiado" com prioridade, e não me pudera valer. Até ali não me cruzara com viv'Alma naqueles cinco tormentosos dias. Era sexta-feira. No sábado e no Domingo não haveria nenhum camionista que passasse por ali. Segunda-feira era o feriado de 15 de Agosto, pelo que, na melhor das hipóteses, só na terça-feira poderia, por ali passar alguém ou viriam antes procurar-me de Luanda. Entretanto já era sábado. Mais uma noite no banco do carro, o que não era muito grande sacrifício. Sacrifício era sim, estender as pernas na manhã seguinte. Porém as perspectivas eram negras, até porque já se acabara aquele enorme, duro e "delicioso" pão, e a água já era pouca. Resolvi enfrentar os quinze quilómetros que me separavam da Jangada do Quanza. Portanto, meter pés a caminho, deixando o material fechado dentro da carrinha, crente de que por uma estrada na qual não tinha encontrado ninguém durante uma semana inteira, não passaria um ladrão.. Peguei num bornal com o resto da água e a faca de mato para o caso de encontrar uma lavra de mandioca, e não topar com qualquer habitante menos pacífico do Parque da Quiçama.
E iniciei os primeiros metros a descontar nos quinze quilómetros que me separavam da Jangada da Muxima. A povoação era na outra margem e ai, talvez pudesse comunicar com Luanda, ou mesmo arranjar um carro para voltar para trás e levar o material. Tinha andado talverz duzentos ou trezentos metros quando oiço a mais celestial das músicas que já ouvira ou voltei a
ouvir: o motor de um carro. Parei, e esperei, numa atitude de pura beatitude. Era mesmo um carro, uma carrinha cheia de gente. Vinham de Novo Redondo e iam para Luanda e dispuseram-se a levar-me ao colo, mas eu supliquei que também levassem o material que poderia ser roubado assim abandonado dentro de um carro com janelas vulneráveis. Foram tão gentis que deram volta ao carro e fomos buscar o meu material. Mas quando viram, uma mala de alumínio de 50x50x30, mais um tripé e uma malinha com uma bateria, ficaram perplexos, quiçá arrependidos de se terem deixado convencer, Claro que prescindi de tudo quanto eram
Artigos pessoais. Lá nos encaixamos com a mala e o tripé ao colo, como ao colo uns dos outros já íamos Nunca mais me digam mal dos Jeovás. Vinham detradoe fazer sessões em N.Redondo e Porto Amboím e iam com a mesma missão no Domingo em Luanda. Cheguei ainda a tempo depo de ouvir os foguetes na FIL, mas já sem possibilidades de lá chegar. Foi então que soube que o avião que eu ouvira, era tripulado por um Amigo que levava o meu Pai como passageiro ( foi o seu baptismo de voo. Sobrevoaram o local onde eu estivera na véspera, por isso não me encontraram. Mas há aqui um pormenor de caricata generosidade: levavam um pacote com umas sandes e... uma garrafa de cerveja, tudo enchumaçado e embrulhado num pano encarnado. Mesmo que não rebentasse ao cair, cerveja era a última coisa que eu me atreveria a beber.
Nimguem pensou num liquidozinho incolor e insípido, que tem inúmeros préstimos, desde apagar incêndios, lavar a cara, e até MATAR A SEDE!!! E pronto, lá cheguei são e salvo, com uma barba de oito dias e menos dois quilos descontados aos meus sessenta e cinco. Vem a talhe de foice relembrar aqui um lema que eu muito evoco mas pouco pratico: "sempre que possas escolher o caminho, não vás pelo mais curto. Vai pelo mais belo" Escolhi o mais curto. Bem feito!
A tempo
Esta hitória não é exactamente a que pretendia escrever. Não porque não seja inteirmnte verídica, mas porque desejava recordar a um grande Amigo que há não muitos anos ali nasceu,
os locaais da sua adolescência: Cuvelo, Balabaia, Egito-Praia, Canjola com o seu Cantinho do Céu do ilusionista Karma que ali mandou construir um edifício de todo deslocado naquele ambiente, pelo volume, arquitectura e sobretudo pelo isolamento. Mas ainda bem que o fez erigir. Era provido de quartos onde se podia descansar e retemperar forças de viagens como a que relatei acima. Eu fora ali para filmar a cobertura aérea do algodão por desinfectantes, insecticídas ou notrientes. Tudo correu bem e por isso não me lembratria de a relatar. Mas agora irems, o meu Amigo e eu, desfiar recordações e saudades duma terra que nunca esquecerá a quem lá nasceu ou viveu or muitos anos.
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