AS GALINHOFAGAS
Em África coexistem herbívoros e carnívoros; aqueles destinados a ser a dieta destes, estes a serem tapetes na sala ou troféu numa parede. Isto se, antes de ser troféu, não tenha comido o caçador. Deixei propositadamente para o fim os mais ferozes de todos e também mais difíceis de combater e dominar. Refiro-me aos insectos, personificados na formiga “KISSONDE”, e as GALINHAS, representadas pela galinha branca de postura, sem dúvida a aristocrata da espécie. Porquê esta mistura de duas espécies tão diferentes? Diferentes sim, morfologicamente, mas quem sabe o que se esconde de semelhante no instinto de cada uma delas? Recuemos um Século: Na África pré colonial, as tribos, eram como países diferentes; outros costumes outras línguas, outros deuses, outros feitiços. Eram, aliás como em todo o Planeta estrangeiros entre si, como os holandeses e os franceses, ou os Polacos e os Portugueses. Apenas a cor os irmanava, por isso, as guerras em que se envolviam, se chamavam “guerras civis” e eram mais ferozes que as “internacionais”. Os troféus que os caçadores exibiam na parede da sala, por exemplo o crânio de uma palanca com uns cornos lindíssimos, só ali podiam estar se todos os ossos fossem expurgados do mais pequeno resíduo de tecidos putrificados. Caso contrário ninguém poderia suportar o cheiro. Mas limpar o interior dos cornos de um antílope, com as extremidades finas que têm, era tarefa quase impossível. As galinhas sofreram o seu justo castigo porque ficaram com o pescoço manchado de sangue, o que as transforma de carrasco em vítimas e assim, numa progressão geométrica, acabaria todo um galinheiro, quiçá um aviário. O pobre criador procura afastar as galinhas umas das outras recorrendo por vezes ao pontapé, mas logo se arrependendo, cada uma custou os olhos da cara e por enquanto ainda não começaram render (um ovo por dia). É preciso besuntar com “azul de mitilene”, cor que elas repelem (até as paredes são dessa cor até Mia de um metro de altura.´ Os cantos das paredes não são em ângulo recto mas sim arredondados, para que elas não se encurralem umas às outras. Enfim, um amor de bichinhos. Vem muito a propósito inquirir: se o criador desmaiasse e, com as mãos manchadas de sangue, ou muito simplesmente tivesse um ovo partido na mão, e ficasse muito tempo sem se poder defender, estou absolutamente convencido de que não seria necessário recorrer à eficiência da “Kissonde” E ao reconhecido espírito prático dos Povos Bantu.
O melhor será não experimentar.
O melhor será não experimentar.
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