NUNCA É TARDE PARA SER FELIZ
A ideia original desta estória, é de Autor Desconhecido.
Odeio a palavra que vou escrever: "solteirona". Todavia, escrevo-a para ajudar à clareza da narrativa. Porque era assim que na minha longínqua juventude se designavam as mulheres solteiras com mais de quarenta anos. Aliás o horror era ainda maior, pois que se designavam como "quarentonas" todas as que, solteiras ou casadas, tivessem atingido a, hoje magnífica, idade dos quarenta. Nos dias de hoje – e até nas noites - torna-se difícil "ver" que uma mulher tem mais de quarenta anos... antes que tenha atingido os setenta.
Posto isto, e porque julgo perfeitamente clarificada a minha posição quanto à idade das mulheres, vamos à narrativa: eram duas irmãs na casa dos quarenta. Viviam discretamente num último andar de um prédio de bairro. Modesto mas confortável. Creio que teriam recebido uma pequena herança que lhes permitia um certo desafogo. Saíam pouco, apenas o necessário para as compras e para raros e fugazes passeios pelo Jardim do Campo de Santa Clara, em dias de Feira da Ladra. Não que se metessem na balbúrdia. Apenas a contemplavam por entre o gradeamento do Jardim. Mas verdadeiramente faziam vida de casa, isoladas e, eu ía a escrever sozinhas; mas não, tinham a companhia de uma gatinha "angorá" a quem davam carinhos de mães. Protegiam-na dos gatos da vizinhança Principalmente não a deixando ir para o telhado, para onde dava a janela das águas-furtadas, onde os gatos, vinham miar à gatinha. os seus desejos de amor. Principalmente em Janeiro. Então eram verdadeiros Concertos de miados a que a a pobre e mimada gatinha respondia por detrás dos vidros da janela. sem jamais poder corresponder – e como ela o desejava! - a tão ternas homenagens.. Mas as manas solteironas não podiam compreender aquilo e até achavam um horror, uma indecência. E a vida corria naquele ramerrão a que já estavam habituadas, ou resignadas e que, ,pensavam, elas, era assim para toda a gente, e era assim mesmo que devia ser..
Mas o Destino tem cada coisa!. Cada surpresa! Um dia recebem a visita de um primo que elas sabiam existir mas que andava lá pelas Áfricas e que desde crianças não viam, nem tinham notícias. Mas enfim, foi com alguma alegria que o receberam, e puderam recordar a infância e aqueles tios que entretanto já tinham deixado este Vale de Lágrimas e repousavam sob a quente terra africana.
E o primo deu uma volta àquelas vidas de quase clausura. Vinha algumas vezes buscá-las para as levar ao Cinema, Passou a vir mais vezes sob qualquer pretexto, até que veio para pedir uma delas em casamento. E assim ficou a outra só com a gatinha quando eles partiram em Lua de Mel. Poucos dias depois recebeu da mana em Lua. de Mel um telegrama: "Mana stop Deixe gatinha passear telhado stop "
Posto isto, e porque julgo perfeitamente clarificada a minha posição quanto à idade das mulheres, vamos à narrativa: eram duas irmãs na casa dos quarenta. Viviam discretamente num último andar de um prédio de bairro. Modesto mas confortável. Creio que teriam recebido uma pequena herança que lhes permitia um certo desafogo. Saíam pouco, apenas o necessário para as compras e para raros e fugazes passeios pelo Jardim do Campo de Santa Clara, em dias de Feira da Ladra. Não que se metessem na balbúrdia. Apenas a contemplavam por entre o gradeamento do Jardim. Mas verdadeiramente faziam vida de casa, isoladas e, eu ía a escrever sozinhas; mas não, tinham a companhia de uma gatinha "angorá" a quem davam carinhos de mães. Protegiam-na dos gatos da vizinhança Principalmente não a deixando ir para o telhado, para onde dava a janela das águas-furtadas, onde os gatos, vinham miar à gatinha. os seus desejos de amor. Principalmente em Janeiro. Então eram verdadeiros Concertos de miados a que a a pobre e mimada gatinha respondia por detrás dos vidros da janela. sem jamais poder corresponder – e como ela o desejava! - a tão ternas homenagens.. Mas as manas solteironas não podiam compreender aquilo e até achavam um horror, uma indecência. E a vida corria naquele ramerrão a que já estavam habituadas, ou resignadas e que, ,pensavam, elas, era assim para toda a gente, e era assim mesmo que devia ser..
Mas o Destino tem cada coisa!. Cada surpresa! Um dia recebem a visita de um primo que elas sabiam existir mas que andava lá pelas Áfricas e que desde crianças não viam, nem tinham notícias. Mas enfim, foi com alguma alegria que o receberam, e puderam recordar a infância e aqueles tios que entretanto já tinham deixado este Vale de Lágrimas e repousavam sob a quente terra africana.
E o primo deu uma volta àquelas vidas de quase clausura. Vinha algumas vezes buscá-las para as levar ao Cinema, Passou a vir mais vezes sob qualquer pretexto, até que veio para pedir uma delas em casamento. E assim ficou a outra só com a gatinha quando eles partiram em Lua de Mel. Poucos dias depois recebeu da mana em Lua. de Mel um telegrama: "Mana stop Deixe gatinha passear telhado stop "
6 Comments:
e como é bom passear pelos telhados!
nunca é tarde para deixar os outros serem felizes, mesmo tratando-se de gatos....acho que um dos grandes problemas deste mundo são os "mal amados" que passam a vida a enfernizar a vida dos outros (a dos gatos incluvise...).
Beijinho e dia feliz para ti, João!!
Peço-lhe a amabilidade de me informar se o Radio Telegrafista Arroube que menciona no seu post de 24/Nov/2006 (O FASCÍNIO DE ÁFRICA) era o sr. José Arroube Correia, natural de Carvoeiro (Lagoa - Algarve), já falecido, que após o regresso de Angola dividiu a sua vida entre a Damaia (Lisboa) e Carvoeiro. Se sim, trata-se de um primo-irmão do meu pai. Grato pela atenção. JOSÉ CORREIA, jbcorreia@mail.telepac.pt
dia feliz. isabel soares
Sabia que se entretem a escrever, só que ainda não lhe tinha posto o olho na dita. Quiz o destino que passasse por um blogueiro que muito lhe quer o que me possibilitou aqui vir ter.
Em boa hora o fiz.
Aproveito para lhe deixar os meus parabéns atrasados.
Reparo agora pelas datas dos textos que o meu amigo tem estado parado.
Espero que esteja tudo bem e, que na medida do seu gosto, nos dê o prazer da sua escrita.
Um abraço
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