O nosso Capitão Cardoso
Quando cumpri o Serviço Militar em Cascais entre 1937/38 do Século XX, obviamente, os Sargentos eram geralmente detestados,e os Oficiais,também na generalidade, não moravam em nossos corações de soldados. Claro, que nem tudo nem todos na vida são maus, havia excepções nums e noutros. Oportunamente falarei de alguns. Por agora seleccionei apenas um: o Capitão Cardoso um Homem para uns cinquenta e poucos anos; baixo, entroncado com uma voz rouca, feiote de cara ao contrário da Mulher que quando o Capitão estava de Oficial de Dia costumava ir ter com ele ao fim da tarde – o casal morava na vila - e passeavam de braço-dado pela Parada. O par oferecia uma imagem um pouco (só um pouco) caricata. A Senhora era bem mais alta do que o marido, e era do tipo –perdoe-se-me a expressão popular, mas estas expressões são mais "expressivas" do que o vernáculo – era,um "Cavalo de Cem Moedas." Aos olhos cúpidos da soldadesca não passava despercebida aquela "metade" do par, e por isso passava e tornava a passar fazendo continência à outra metade, mas em verdade se diga, que nem o viam. Sabiam apenas que ele estava lá. Quantas vezes a inocente Senhora não terá dito ao marido: "querido, os teus soldados estão sempre a fazer-te continência. Devem gostar muito de ti". De facto todos nós gostávamos dele, mas as razões eram bem outras. O Capitão Cardoso era o Director das Aulas Regimentais onde se ensinava pouco e se aprendia menos. De vez em quando ia à Escola ver o progresso dos alunos. Fazia uma pergunta a um, uma pergunta a outro, e quando constatava que o aluno não sabia responder e, constatava muitas vezes, dizia com a sua voz rouca de marcada pronúncia beirã:: "xeu políxia . Voxê não xabe nada, é mesmo um políxia". Tanto bastava para que tivesse abrigo nos noassos corações. Qual é o soldado que não gosta que seja dado como paradigma da ignorância... um Políxia!?
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