OISAS
QUE DEVERIAM
Ter um Ózinho no
CANTINHO DIREITO
DO ECRAN
Mas não têm. E como lhes achei muita graça, decorridos que são exactamente 69 anos desde 1934, vou passá-los da tradição oral para a escrita . Filmava-se "Bocage" de Leitão de Barros. O cenário representava Lisboa do Século X Vl l, destacando-se a Praça do Rocio. Tinha sido construída dentro de um recinto murado que compreendia o actual Jardim das Francesinhas, mas estendia-se até à Avenida Presidente Wilson, agora, Avª D. Carlos 1º... Muito maior, portanto, do que actualmente.- Aquela "cidade" tinha sido construída para uma comemoração cujo objecto me escapa. Pleno Agosto, trabalhava-se sob um calor tórrido, e sempre em exterior. A Câmara estava protegida por um grande chapéu de Sol. Havia mesmo um "assistente do chapéu" para o orientar e mudar de um lado para outro, de forma a proteger a Câmara e também o Realizador que se sentava, habitualmente à frente dela. A mim, 2º assistente de imagem e claquete –boy cabia-me tratar da máquina, e vigiá-la, ,mantendo-a limpa e provida de filme em qualquer momento. A minha paixão pelo Cinema começou no dia em que, ,pela primeira vez, entrei num Estúdio no Verão de 1933, filmavam a "Canção de Lisboa" - e nunca diminuiu ao longo dos quarenta e seis anos em que exerci a profissão. Assim, já naquela época, com vinte anos, era bastante responsável e acarinhava o material como se de um animal de estimação se tratasse.. É corrente nos velhos a tendência a exaltar os seus feitos e qualidades da juventude, verídicos ou imaginados. Assim me julgarão talvez. É- me indiferente. Não me apresentei a julgamento, apenas estou revivendo factos de hà setenta anos, com imensa saudade e prazer, E isso ninguém me pode tirar, Depois deste, quiçá fastidioso intróito, vamos às estórias. Estava um calor tórrido, como referi atrás. Houve um intervalo, Quem pôde abrigou-se numa sombra ou foi matar a sede. Fiquei junto da Câmara, debaixo do chapéu., o Realizador, Leitão de Barros também ficou sentado na sua cadeira de realizador à frente da câmara. Parecia adormecido. Nisto, aproximou-se uma garota que eu namoriscava. Dos seus quinze anos bem desenvolvidos, era filha de uma Varina . Pessoa de posses certamente, porque a filha, Elisa, não andava ao peixe. Aprendia renda. Como era muito bonita e simpática, sempre se lhe conseguia uma senha de figuração (cinco escudos, em 1936). Já tinha sido tudo: Vivandeira, Sécia, Popular etc. Já não podia aparecer no filme enquanto estivéssemos naquele cenário. Em todo o caso lá ia aparecendo quase todos os dias. Pois a Elisa vinha linda no seu fato de Vivandeira, e trazia na mão um cone de gelado comprado no carrinho do homem do "Esquimóóó Fresquiiiinho!" mas o gelado era só um, e nós dois. Ora isso não era problema para o qual não tivéssemos solução. Atirámo-nos ao gelado e, um dum lado e outro do outro, e às vezes do mesmo lado lá fomos lambendo o sorvete . Mas devemos ter feito algum ruído que lhe seria familiar, mas não naquela ocasião nem naquele lugar. e o Leitão de Barros acordando da sua sonolência, volta-se para trás e exclama: "mas o que é isto aqui ? A varina chupa de um lado e o assistente lambe do outro. Isso é 69. Mas vocês não podem fazer isso aqui!" Indiferentes ao Realizador e ao Mundo em redor, levámos a tarefa até a um fim...demasiado próximo. ~Madrugada,11/02/o6
posted by joão silva | 2:09 PM | 3 comments
Quinta-feira, Fevereiro 09, 2006
A propósito de José Megre
Vi há dias na Televisão uma entrevista com José Megre que teve o condão de me trazer à memória gratas recordações de Angola onde vivi longos anos. Lembro-me de José Megre embora não tenha tido o prazer de o conhecer pessoalmente. Fiquei particularmente tocado pelas referências que fez às extraordinárias belezas dos Desertos: "Muita gente pensa que os desertos são só grandes extensões de areia monótonas e
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