O Imóvel, o Contador e os Gavetões
Não, Os contadores a que me refiro, não sendo também”contadores de estórias”, podem (podiam) ser repositórios de dramas, comédias, risos e lágrimas, enfim das memórias de famílias inteiras que, às suas inúmeras e estreitas gavetas as tivessem confiado
Dito assim, pode deduzir-se que se tratará de um móvel. É verdade. Um móvel maciço semelhante a uma cómoda, assente sobre pés
A partir daí “desfaz -.se” em pequenas gavetas até à altura conveniente. Destinado em princípio a arquivo contabilístico, tomaria mais tarde, o nome dos seus utilizadores.
Construídos em madeiras nobres, ostentavam preciosos trabalhos em talha.
Hoje poderão ver-se apenas em Museus, em Palácios .Nacionais ou temo dizê-lo, nalgum Palacete de Pato Bravo, guardando de novo coisas impessoais, recibos, facturas, promissórias, enfim retornado à sua burocrática condição original.
E do Imóvel, e no Imóvel ?
De que é feito ? Não de madeiras nobres: mas de cimento, ferro e mau gosto. Todavia qualquer coisa os assemelha: a forma rectangular, na maioria dos casos desmesuradamente grande, e a monótona profusão de “gavetinhas”.
Somente, estas minúsculas janelas – porque janelas são ou pretendem ser - não diferem das gavetas dos Contadores, nem (vistas à distância ) nas dimensões, nem na função. São “nichos” de arrumação. De papeis, objectos indiferenciados, quiçá uma ou outra jóia no Móvel. No Imóvel: gente, pessoas, famílias que o gigantismo do edifício torna indiferenciadas e pior do que isso indiferentes umas às outras.
Se for possível colocar lado a lado um e outro, assim farei, para confirmar perante mim próprio, a justeza da minha avaliação.
E que dizer do conteúdo destas “gavetas”? Qual será o efeito delas na saúde física e mental de pessoas que ali se “arrecadaram ontem à noite” esgotadas de corpo e de nervos depois de conduzir uma batalha de uma ou mais horas, contra outros congéneres, eles também ocupantes de outras gavetas, e tão esgotadas como eles próprios, para tudo voltar a repetir-se “hoje e sempre” até que o virtual esquife em, que se encaixaram, eventualmente os transporte até aos “gavetões” do muro do Alto de São João, para novo e definitivo poiso.
Tudo o que vem escrito parece indiciar um triste ocupante de “gavetas”. Tal não se verifica, nem se verificará nunca.
. Considero-me um privilegiado. Nem a clausura dos “gavetões” eu conhecerei:
As cinzas dos meus ossos vogarão pelos Céus de uma eterna Primavera, leves e finalmente Livres.
2 Comments:
Caro João Silva,
Chamo-me Margarida Cardoso e sou realizadora de cinema. Ando há algum tempo à volta da ideia de fazer alguma com ( ou sobre ) a Baia dos Tigres.
Foi aliás a Baia dos Tigres que me fez encontrar o seu blog. Depois começei a ler tudo... Gostei muito e diverti-me também por reconhecer alguma coisas das andanças do cinema.
Queria só perguntar-lhe se o que filmou naquela zona da Baía dos Tigres, Porto Alexandre,etc, foi para a Telecine e se esse material poderá ser visionado no ANIM ( se esse arquivo já estiver pronto...).
Provavelmente filmou nessa zona muitas vezes e com propósítos diferentes. Onde andará esse material?
Obrigado pela sua atenção.
o meu mail é:
margaridacardoso24@clix.pt
Mais uma coisa, também estou interessada na história do "profeta" Simão Toko que foi faroleiro nessa zona (Farol da Ponta Albina) por imposição do estado português e foi depois tranferido para São Miguel. Sabe alguma mais sobre isso? Mais uma vez um abraço.
Cara Amiga Margarida: Começando pelo fim, Não conheci Simão Toco mas sim vários dos seus discipulo que cheguei a trazer do Norte para Luanda, creio que tubercolosos. eram homens e mulheres gente trajando de branco e silemciosa duramntem toda a viagem. Creio que nessda altuta já o "profeta" teria sido levado fde Angola (década fde 50)
Baía dos Tigres, Porto Alezxandre, Moçâmedes, ets. filçmei várias vezes para documentários versando os mais diversos aspectos, sobretudo assuntos ligados ao mar e ao Deserto. Claro que a pesca e a indústria dew farinhas e óleos de peixe foram exaustivamente tratados.
Quanto à localisação Durante as décadas de 50'/60 trtabalhei para dois produtores independenters, Ricarod Malheiro e Felipe Solm que reservavam a propriedade dpos negativos que eram trabalhados no Laboratório de Aquilino Mendes
Posteiormente trabalhei directamente para po Centro de Informação e Turismo -CITA- a quem passavam a,pertencer os negativos. pos negativos. Indluindo as "Actualidades de Angola" ntre 1957 e 1965 se não erro. A partir desta data passei a fazer documetários em 16 mm. a cores para o CITA e Agência do «Ultramar que se destinavam à Televisão di«rr esres Actualifddrsvfde Angol e rema Montados p+or Noémia Delgado. Versavam aspectos propagandisticos, de Terras, Indústria, ETC. Nunca cheguei a ver nenhum das largas dezenas que filmei, porque entregva o negativo em imagem latente e só em Lisboa era revelado.
Sei, porque já lá estive, que alguns pelo menos os de 35mm,estão no no INAM,(é assim que se escreve?)
Poswsuo uma lista tão completa quanto +possível dos títulos, creio que com mais de setenta. Voiu procurá-l e depois de receber a sua resposta, terei muito godto em enviar-lhe uma cópia. Não o faço j já porque estou aescrever-lhe de ds madrugada loo apoóz ter lido o dseu comentário. Muitpo boa noite e disponha sempre
A "DESPROPÓSITO". .
tenho um grnde desejo: voltar a ver um Estúdio por dentro e assistir a algumas filmagens, agora ao noventa anos para "voltar" a ver o que não vejo há sessenta anos..
Obrigado, Boa Nooite.
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