sábado, julho 09, 2005

Psicologia

Nas filmagens do "FADO" de Perdigão Queiroga, tudo correu bem, e gente e coisas felizes não têem história, mas sempre me lembro de um episódio curioso que coloca o Queiroga na categoria dos grandes "Psicólogos" que conheci. Havia uma cena muito dramática em casa da tia da Cantadeira, que era interpretada pela Dona Alda, um senhora já com alguma idade mas que, mesmo sendo amadora, era muito boa actriz. Num "plano" que metia um "travelling" e era um pouco complicado, a Dona Alda enganou-se na "fala". Nada de grave: "Corta, vamos repetir!". Mas a senhora tornou a enganar-se. O Queiroga tentou acalma-la: "Ó Dona Alda, não tem importância, isso acontece a todos. Vamos repetir e vai ver como vai sair bem. (Não sei porque diabo se chama "erro de simpatia" ao errar sempre na mesma palavra). Mas foi essa tal "simpatia" que aconteceu. A Dona Alda enganou-se novamente. O Queiroga dá um BERRO, CORTA!!! E vira-se para mim e dá-me uma descasca como não seria possível num "cenário real". "Parece impossível, João! Agora que a senhora foi tão bem é que tu fazes um disparate desses"? E por aí fora, lá me foi dizendo uns desaforos, e eu muito contrito a pedir desculpas à Dona Alda que só dizia: "Ah! Não fui eu? Ai, ainda bem; ainda bem que não fui eu!" E nem reparava na minha triste condição, a levar nas orelhas. E tão inocente que eu estava! Toda a equipa se espantou com solução que o Queiroga arranjou para o caso. O certo é que a senhora não voltou a enganar-se e lá se filmou a cena.