Roxa xenaider

sexta-feira, setembro 12, 2008

As coisas ca'gente ouve (2)




AS COISAS CA’GENTE OUVE !” (2)

Estava a ver a tourada da “Caras”, e um dos touros não investia com o cavalo por mais voltas que o cavaleiro lhe desse, até que este resolveu meter um ferro de qualquer maneira.
Aí, o touro começou a investir, julgava eu que por sentir dores, mas… oiçamos as palavras do comentador:
…”contrariamente ao que muita gente pensa, isto não faz mal ao toiro, antes o “”abre”como se diz na nossa linguagem, e passa a investir mais e a dar mais cor à lide”

“E esta hein!” como diria o saudoso Fernando Pessa.

quarta-feira, setembro 03, 2008




“AUGÚRIOS”


Há já algum tempo escrevi uns episódios da minha passagem pela “Tropa”
Agora vou escrever sobre a minha “pré-tropa”, que começou pela inspecção militar. Esta processava-se habitualmente no Quartel General de Lisboa e não augurava nada de bom.
O cenário era deprimente.
Imagine-se uma ou duas dezenas de moços de vinte anos, das mais variadas procedências, cultura educação, etc inteiramente nus durante horas em frente uns dos outros e sem
escapatória que permitisse esconder a sua nudez, ainda por cima na presença de alguns mais descarados que faziam gala em exibir-se troçando dos mais recatados.
Parece que pela minha parte a situação não deveria ser constrangedora, dado o meu estágio”anterior com mais quarenta homens vivendo juntos durante as vinte e quatro horas do dia, multiplicadas por meses ou anos.
Mas aí, a situação era diferente; cada um procurava proteger a sua privacidade respeitando a do outros,
Quando me chamaram e entrei na sala de inspecções, ouvi um dos médicos dizer: “ora até que enfim!”
Fui apurado, Os rapazes do meu Bairro, Alfama não primavam pelo aspecto físico, e eu que na infância havia sido bem alimentado, devia apresentar um físico pelo menos de aspecto saudável
Em contra partida, um amigo meu que vivia em Alfama mas era natural da Charneca do Lumiar, posto em confronto com os rapazes da Charneca, ao tempo região agrícola ,perdeu na comparação e ganhou na dispensa do serviço militar.
E eu, que já não augurara nada de bom à entrada, vi comprovadas as minhas reservas. Se já me sentira constrangido quando nu entre nus, ali foi bastante pior: estava nu entre gente vestida que me pesquisava minuciosamente.
O médico inspector, entre várias inquirições perguntou-me a profissão. Respondi: “ assistente de operador cinematográfico”
“ E em que cinema é que trabalha?
“Não trabalho nos cinemas mas no estúdio onde são filmados.”
“ O quê? Estar lá ruca-ruca-ruca?” e juntando o gesto à palavra fez o gesto de dar à manivela enquanto dizia com grande convicção.
“Isso é lá profissão!!!
Depois, como era fatal, fui para a tropa e, como era também fatal, continuei a ouvir raciocínios deste quilate.